14 de nov. de 2011

Quando tudo vale a pena

Eu sou meio idealista, chegando a ser quase ingênua. Meu grande sonho sempre foi encontrar um trabalho apaixonante. Daqueles que a pessoa sente que nasceu para fazer aquilo e de tão realizada quase não é obrigação, vira hobbie.

É, mas eu não cheguei nesse estágio ainda. E me parece que estou cada vez mais longe disso.Tenho meus dias ruins, os péssimos, os que eu saio realizada e os pouquíssimos memoráveis.

A vida corporativa é muito fria, tudo resume-se a ser mais eficiente, a não cometer erros, a ganhar mais $, a atender o cliente e não deixá-lo ir para a concorrência. E se vc se sente feliz em resolver problemas o dia inteiro e fechar contratos, ótimo, essa vida foi feita para vc.

Eu? Estou me distanciando dessa coisa toda. Já quis ser uma profissional super respeitada que coleciona troféus e cabeças na parede. Hj, estou em um meio termo, procurando ser uma boa profissional sim, mas não às custas da minha saúde ou de outras pessoas.

Ok, não me levem a mal. As pessoas tem que trabalhar e eu não vou virar hippie e sair por ai "caminhando e cantando e seguindo a canção", mas deve existir um meio termo, não?

Foi então que no último dia 7, em meio à tantos eventos e compromissos "importantíssimos", "que não pode dar nada errado", "que o cliente nos mata se tal coisa ocorrer" apareceu um que eu pensei: "Esse tem que dar certo. Esse merece que a gente se esforce, simplesmente para que ele possa ocorrer".

Depois de tanto tempo, apareceu um evento com alma. Daquelas que transbordam, daquelas que vc vê que todos os participantes estão envolvidos de verdade.

E apesar dos problemas técnicos aparentemente insolúveis, no dia, tudo se resolveu. Assim, num passe de mágica. Não sei se era pq estávamos em um circo, ou pq a vibração das pessoas era tão boa, mas o encantamento aconteceu.

E o objetivo do evento não poderia ser mais nobre: celebrar e premiar alunos, professores e pessoas que lutam para incentivar a leitura e estimular a escrita em nosso País. E eu vi de relance que ainda é possível se apaixonar loucamente pelo que se faz.

O cliente veio nos agradecer pelo esforço, parabenizar a equipe, mas na verdade, eu que o agradeci pela oportunidade de tirar de novo os meus pés do chão.

----
Beijos e Bytes

Bonjour Paris!

Demorei para escrever, mas não fiquei parada. Andei escrevendo coisas que não queria dividir. E eis que surgiu um bom motivo para compartilhar.

Foi quando eu sumi por 10 dias (em outubro). Avisei meia dúzia de pessoas, arrumei as malas e fui para Florianóparis. aahaa (piada interna). Fui para Paris mesmo. A viagem me apareceu como uma oportunidade. Já tinha negado outros 2 convites internacionais e acho que seria um tremendo desaforo com o destino negar novamente.

Apesar de todas as dúvidas, questionamentos virginianos, todos os "não vai dar certo, não é a hora certa, não deveria sair assim e etc etc", um rápido e determinante lampejo ariano explodiu e me fez decidir viajar.

Foi a coisa mais certa a fazer. Não sei se teria me arrependido de não ir, pois sem saber o que me esperava, iria me conformar com a decisão. Mas com certeza, hj, depois da viagem, relembrando os momentos bacanas que passei, desistir da viagem teria sido uma grande pena.

Apesar de já conhecer Paris, ela me encanta completamente. É uma cidade linda, vibrante, que respira história, bom gosto e um estilo de vida invejável. Apesar do mau humor característico francês (não sei como eles podem ser assim) não senti em nenhum momento esse traço da personalidade deles. Fui com uma amiga e fomos muito bem tratadas. Obviamente que por falarmos francês (eu timida e precariamente) havia uma boa vontade maior do que se tentássemos somente o anglais.

E o que a Cidade Luz poderia me mostrar que eu não tivesse visto? Deveria recorrer ao guia e visitar somente as locações que não tinha ido de outra vez? Não, não. Não era o que ela iria me mostrar, mas como a charmosa capital se apresentou para mim desta vez.

Com a ajuda de minha amiga, conheci uma Paris menos turística, mais local. Fomos no melhor estilo slow trip, com longas paradas para o almoço, comer um doce típico, visitar as ruas mais badaladas e os pequenos becos conhecidos por poucos. Aproveitei para explorar melhor a gastronomia mais festejada do mundo, tomando vinho, experimentando a mostarda dijon, os queijos, as sobremesas, os molhos... Deixando a infinita dieta para o território nacional. Sentamos em um banco para apreciar o pôs do sol no Rio Sena e corremos em volta de suas margens. Visitamos a Sacre Coeur de noite e vi pela primeira vez a Torre piscando e faiscando fabulosamente de noite. Vê-la de qualquer ângulo, horário ou estação do ano é sempre impressionante.

Me emocionei com um concerto de Mozart na igreja Saint Sulpice e chorei copiosamente ao chegar na igreja Notre Dame acidentalmente justo na hora da missa das 18hs. Realmente uma benção e a certeza de que estava fazendo uma coisa boa. Rezei e acendi velas na maioria das igrejas, pedindo proteção para familiares/amigos queridos, agradecendo e finalmente pedindo um pouco de luz nessa minha cabecinha dura, que insiste em achar que a vida tem que ser muito levada a sério.

Na sequencia, esticamos a viagem até Amsterdã, totalmente desconhecida para ambas e que nos rendeu tb boas risadas e histórias. Bem menos radical e pervertidada do que imaginava, pensei que a cidade holandesa seria uma versão européia de Porto Seguro com pessoas caídas nas calçadas e putarias nas esquinas e becos.

De certa forma foi decepcionante descobrir que o Red Light District é passeio para crianças e família, mesmo de noite. E até os "nóia", são comportados e ficam restritos aos coffee shops. Mas divertido ver que as ruazinhas medievais abrigam igualmente padarias, farmácias, sex shops e lojas com todos os tipos, tamanhos e fomartos de pipes, ervas legalizadas e similares, de forma bastante civilizada e muitas vezes, bem humorada.
Enfim, Europa, né? O Velho Continente! Um senhor que já viveu de tudo, tem humor fino e boas maneiras.

Acho que a palavra que resume a viagem é generosidade, já que tivemos que conviver, eu e minha amiga durante os 10 dias e chegar à soluções que fossem boas para ambas. Claro que ela é muito querida para mim, mas tem seus interesses, opiniões e pontos de vista diferentes dos meus. Óbvio, ninguém é igual a ninguém. E assim em toda a viagem, fizemos praticamente tudo em conjunto e em comum acordo.

Costumo dizer que se eu fosse para o Big Brother provavelmente seria a 1ª a sair, já que costumo ser 8 ou 80, mas nessa viagem consegui ser 14, 37, 62.25 provando que eu estava errada novamente, que eu posso sim e devo ser mais flexível.

Foi como se eu tivesse vivido 1 ano em apenas 10 dias e voltei com a cabeça um pouco mais aberta. Espero sinceramente que o dia a dia não vá endurecendo-a novamente. Se ocorrer, nova desculpa para viajar, sempre!

E parafraseando minha amiga: "Espero que Paris nunca mais saia dentro de mim".

----
Beijos e Bytes