14 de set. de 2012

Mangas e Musicais

Eu fui uma criança bem chatinha para as questões alimentícias. Não gostava de comer nada e se não ia com a cara, não comia nem sob tortura. Como minha mãe sofreu para me fazer almoçar, jantar, comer uma coisinha peloamordeDeus!

Tradicionalmente as crianças não gostam de brócolis, espinafre, quiabo... É, eu tb não gostava. Mas eu tinha um nojo sobrenatural da manga. Acho que só com hipnose vou descobrir pq tinha essa repulsa toda.

Dá para acreditar? Algo que é quase um unanimidade em termos de gostosura. Que está na cara que é bom demais. Mas a coitada da manga não me convencia. Eu nunca tinha experimentado aquele troço e achava um horror o povo lá em casa comendo aquilo na maior felicidade, se esbaldando. Eu não iria colocar aquela fruta na minha boca de jeito nenhum.

Outra coisa que eu odiava com todas as minhas forças eram os musicais que passavam na tv. Socorro! Eu queria gritar quando começava um.

E meu pai adooorava, assistia todos: Fred Astaire, a dobradinha Jerry Lewis com Tony Curtis, os filmes do Elvis Presley, Cabaret, Noviça Rebelde, Hair, Grease.... Ele assistiu High Society tantas vezes que eu preferia ir estudar do que ficar ali com ele assistindo pela quinhentésima vez. Pois é, eu não tinha a menor paciência.

Pensava: - Que coisa idiota, a pessoa ficar dançando e cantando pela casa e dizendo "bom dia, tome o seu café". Isso não acontece, isso não é real.

Mas acreditar nos Ewaks tudo bem, né?

Enfim, o tempo passou. A minha lógica sobre o mundo mudou e no meu caso, acho que para melhor.

Um dia, sei lá quando, acabei experimentando uma manga e é claro que me arrependi amargamente de ter adiado tanto esse momento.

Quanto aos musicais, acho que demorou mais uns anos até eu me apaixonar loucamente por eles. Para felicidade do meu pai, que enfim, viu que sua tentativa não tinha sido infrutífera. E que ele havia conseguido me passar uns dos seus tantos e bons gostos musicais.

Com o tempo, os espetáculos começaram a vir para o Brasil e eu virei mais fã ainda. Fiquei maluca com a "A Bela e a Fera", assisti tantas vezes no teatro que nem sei. Cheguei a sonhar em ser atriz e cantora ao invés da publicitária q me tornei. E ainda busco uma forma de trabalhar com isso. Vejam só como são as coisas.

Para concluir, pq a lista seria longa, acho que só com esses dois relatos já daria para responder aquela pergunta que vem circulando no Facebook: se a criança que eu fui se orgulharia do adulto que me tornei. ;)

Psiu, não fala para ninguém, mas eu ainda não vi inteiro o filme da Noviça Rebelde. shhhh

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Beijos e Bytes


13 de set. de 2012

Carta de Amor

Olá, precisamos conversar.

Tem sido muito difícil nossa convivência. Já faz um tempo que vc anda tão esquisita. Eu diria até bipolar, desculpe-me por usar esse termo, mas você me confunde!

Muitas vezes você acorda fria, gelada e de repente lhe surge um calorão inexplicável que depois some novamente. Não consigo te entender, não consigo te acompanhar desse jeito.

Ultimamente, então, que além de tudo, vc anda tão seca, tão árida. Isso está acabando comigo.

Sem mencionar a sua agressividade! Tenho medo de ti em alguns momentos. Tenho medo da sua rispidez.

Não queria ter que te dizer isso, mas eu venho pensando em outras. Tenho vontade de me afastar, de ir bem longe de ti.

Mas não posso negar que ao mesmo tempo você é criativa, intensa e vibrante. Cheia de novidades e sempre motivou meu crescimento, sempre me empurrou para frente. E isso eu valorizo muito! Isso me amarra a vc.

Lembro de todos os momentos felizes, dos jantares romanticos, dos shows, festivais de cinema, tardes no parque... Te conheço há tanto tempo, mas sei que ainda não te desvendei completamente, que não percorri todos os seus cantos escondidos. Isso me intriga, quero conhecer te sempre mais.

E eu não quero partir, vamos tentar de novo? Será que vc consegue mudar, só um pouquinho? Apesar de tudo eu ainda te amo, minha querida São Paulo!

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Beijos e Bytes

12 de set. de 2012

"O" 11 de Setembro

Há 11 anos testemunharíamos uma das demonstrações mais covardes e tristes da crueldade humana.

Concentrando em um único dia, diferente das histórias de massacres e guerras continuadas, um ato terrorista calculado meticulosamente desafiou a maior potencia da nossa atualidade e deixou quase que o restante do mundo calado, em luto.

Inúmeras vítimas, civis mortos, aviões sequestrados, 2 torres gigantescas abatidas no coração dos Estados Unidos.  Relembrado todos os anos e abordado sob todos os aspectos, o atentado de 11 de setembro não será esquecido jamais.

E dentro da minha pequenez nisso tudo, ironicamente o ocorrido veio para trazer mais um aprendizado pessoal, justo em um dos dias mais idealizados por mim no ano, meu aniversário. Justo eu, que sempre achei que as pessoas deveriam tirar esse dia de folga para deixá-lo mais perfeito e aproveitável.

O dia começou chuvoso, me deixado triste no meu caminho para o trabalho. Acho que era uma terça feira (Alê, o oráculo dos conhecimentos aleatórios e matemáticos, é isso mesmo?) e quando cheguei ao escritório não sabíamos o que iria acontecer. Com o avançar das horas aquele dia foi se mostrando mais e mais sombrio.

As pessoas me ligavam para dar parabéns visivelmente transtornadas. Não havia clima para congratulações. Parecia a antítese completa. Como ficar feliz com o aniversário de uma pessoa, sendo que milhares estava morrendo, vítimas de um ataque inexplicável?

Diante do cenário achei que não valeria a pena comemorar, não faria festa naquele ano. Mas, com o passar dos dias acabei me convencendo a fazer um simples happy hour na sexta. Nada de grandes expectativas. Achava que no máximo 6 pessoas apareceriam rapidamente.

De fato, meus amigos mais próximos apareceram para o brinde. Estava feliz dada a situação.

Eis que um grupo de amigos herdados, aquele grupo no qual vc entra pq tem 1 amigo em comum ou são amigos do seu namorado, primo ... começaram a chegar lentamente.

De repente, a mesinha de poucas cadeiras não comportava todo mundo. Foi fácil juntar, afinal o bar não estava cheio.

Nem preciso dizer que fiquei encantada. E o pessoal veio animado, trazendo suas namoradas e festejamos até tarde.

Os caras eram amigos desde a infância e por isso compareceram em peso.

Essa turma, que não me está mais tão próxima, apesar de seus diferentes enredos de histórias de vida: casamentos, nascimentos de filhos, mudanças de cidade, continuam unidos até hj.

Recentemente encontrei-os em uma situação triste, um velório, e eles estavam todos lá. Eu tinha certeza de que encontraria cada um deles dando o suporte para o amigo que perdeu um ente querido.

Sempre achei que o que dava a liga para esse grupo era algo precioso, se fosse palpável seria de Adamantium (e essa substância existisse).

Esses caras têm a minha admiração e esse gesto está cravado nas minhas memórias.

E mesmo sem saber, eles me mostraram que aquele dia não precisava ser tão tétrico, que ainda há coisas mais fortes do que alicerces de prédios gigantescos e da maldade das pessoas.

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Beijos e Bytes