25 de set. de 2013

Toda vez eu morro um pouco. É um vício.

Quando a gente entra na faculdade, ninguém nos adverte ou fala: fuja enquanto é tempoooo,  nenhum professor abre o jogo e quando vc experimenta o primeiro... já é tarde demais, vc não consegue escapar.

Se for esperto e não deixar ninguém saber, talvez em pouco tempo consiga se livrar, caso contrário, vão te procurar sempre, te oferecer, te provocar.

Eu não sabia de nada disso, era muito jovem. Experimentei o primeiro, foi bom, parti para o segundo, saí comentando por ai... Esse foi o meu erro. Hj, eu estou viciada, não consigo parar.

Eu preciso desabafar, sou viciada em organizar eventos! Tem que ser um pouco louco para optar por essa vida, eu sei. Ou deve ser um vírus que se aloja no seu corpo e vc nunca mais fica curado.

E basta colocar no seu currículo, mesmo que seja uma longínqua experiência e vc estará condenado para sempre.

Confesso que no início é muito tentador. Vc se sente todo onipotente, planejando, controlando e orquestrando a coisa toda. Mas por mais que vc tenha um plano B, C, D... sempre tem uma surpresinha reservada para a hora H.

É o imponderável, o incontrolável sem uma segunda chance, sem poder tentar de novo. É agora ou nunca.

Tenho várias histórias que me fazem rir agora, mas no passado, roubaram algumas horas da minha vida. Sim, pq minutos antes de começar tudo, eu sinto que vou morrendo aos poucos. Meu estômago dói, não consigo comer, o coração acelera aos pulos, eu fico pilhada.

Semanas antes eu nem durmo, fico tentando prever as catástrofes, traço planos mirabolantes e bam! São Pedro castiga a cidade e o palestrante não chega para fazer a entrevista ao vivo. Tóin! O fotógrafo vai para o lugar errado. Pan paran pan paaaan! A mesa de som queima.

E se os convidados não aparecerem? Se a comida for pouca, se a internet falhar.... São tantos if (se) que vc tem que ter fé em algo maior, na santinha milagreira dos produtores aflitos de eventos.

Sim eu já rezei bastante, antes, durante e depois dos eventos. Pedi para não chover, agradeci por não ter acontecido nenhum erro monstro. Daqueles que o frio percorre a sua espinha e vc não vai conseguir resolver. Já fiquei muda por alguns minutos tentando organizar os pensamentos, vendo para quem ou que lado correr. Precisei tourear o cliente que tinha ataques, o chefe tendo pitty, o segurança que não coopera.

Nessas horas, vc percebe que é humanamente impossível fazer tudo isso sozinho. Que se sua equipe, os fornecedores e parceiros não estiverem em sintonia, tudo fica muito pior. Por isso que eu adoro o clima da house, fazer parte daquilo, do entrosamento, do pique e daquele ar meio q "ah tudo vai dar certo". Sim, pq tem que ser otimista daqueles bem Polyana. 

Na hora que a cortina abre, na hora do play,  vc tem que abandonar todo o pessimismo do pre evento e virar a chavinha para o otimismo total. Sorriso na cara, mesmo que esteja tudo errado. "Sorria e acene, sorria e acene" é o meu lema nessas horas.

E dá-lhe sangue frio, presença de espírito, jogo de cintura, dança do siri, mão na massa, se vira nos 30, se vira q vc não é quadrado, haaaaaja coração, The Show Must Go On... Vc promete para si mesma que nunca mais vai passar por isso. Nunca!

Mas é então que a mágica acontece. Tudo funciona, o público adora, o cliente fica feliz, a equipe se parabeniza e eu nessas horas, não consigo conter as lágrimas de alegria ao ver que a coisa toda deu certo, apesar dos desafios, o esforço valeu. É nesse momento, nesses singelos minutos que tudo isso vale a pena.

É como um vício, em que vc acaba uma dose e já pensa na outra, eu me vejo planejando o próximo, inevitavelmente!