28 de fev. de 2014

O templo de cada um

Quando vc entende que seu corpo é um templo, acaba preservando-o como o tal. Não que só o seu seja assim, afinal todos deveriam ser sagrados, mas ele se torna o seu templo, a sua morada real, mesmo que passageira nessa vida.

E pensando assim, vc se posiciona para evitar o que te faz mal. Vc tenta se preservar e respeitar mais. Se for agressão por parte dos outros é mais difícil de conter. Mas vc passa a enxergar e tentar evitar os pequenos atos depredatórios praticados contra nós mesmos: excesso de trabalho, de cobranças, de pensamentos e pessoas negativas, a falta de cuidado com a alimentação...

Preocupar-se com o corpo acaba refletindo em sua alma, já que ele é uma expressão do seu interior. Mas esse pensamento deve ser norteado pelo limite de cada um, pela aceitação do diferente. Cada templo é único, tem seus arcos, suas torres, janelas e até pequenas rachaduras e imperfeições.

Reformá-lo para entrar em um padrão é perda de tempo, é mascarar o exterior sem arrumar o conteúdo interno. Pq padronizar o que já nasceu único?  Também adianta pouco trabalhar somente a parte interna, enquanto o externo cai aos pedaços, exposto aos intemperes.

A transformação deve ser em conjunto: interno e externo. Um puxa o outro, seja para o bem e para o mal.
Como fazer isso? Cada qual deve encontrar a forma. Não é receita de bolo.

Mesmo que os templos sejam abertos à visitação pública, algumas áreas permanecem restritas, com acesso garantido somente àqueles que merecem. E veja que as permissões não são eternas. Alguns perdem o privilégio com o tempo.

E quando finalmente vc entender que dentro desse templo habita um Deus, o seu Deus e não um modelo preconcebido que te disseram para acreditar, ai sim, o processo estará completo.

Eu? Estou em construção, com certeza. Recolocando, realocando e repensando os tijolos, as paredes e porque não, as janelas.








5 de fev. de 2014

Menos Terminator e mais Mad Max

Nosso planetinha azul já foi devastado de todas as formas naturais, nucleares, atacado por aliens, dominado por robôs e até por super vírus que tornam as pessoas zumbis. Sim, as previsões futuristas não são muito animadoras, pelo menos através das telonas de cinema.

Mesmo que até agora nenhuma delas tenha se concretizado, é possível enxergar traços de caos aqui e ali.
Excluindo os ataques mais bizarros que envolvem eventos extraterrestres, as causas naturais e as tramas de cientistas malucos, vamos ao que me parece mais próximo.

Vivendo um dos verões mais quentes de que se tem registro, com ameça de falta de água e luz, não é difícil pensar logo em um cenário desértico de desolação. Ajudada pelo atual descontrole e surtos de violência da população, começo a achar que o nosso futuro apocalíptico, pelo menos o do Brasil, está mais para Mad Max do que Terminator (Exterminador do Futuro).

Se aqui na Terra Brasilis qualquer sinal de tecnologia avançada é frustrada pela cobertura de internet tosca e pelos equipamentos tacanhos, sinto dificuldades em imaginar que a Skynet conseguiria organizar um ataque coordenado de máquinas, quando elas mesmas já nos sabotam por não funcionar. Vc consegue visualizar catracas de estacionamento e caixas eletrônicos se rebelando? Ficaria feliz se elas funcionassem, pelo menos.

Mas deixando para lá a visão poética de que os robôs teriam qualquer interesse em nos dominar (talvez isso possa ocorrer em um país menos primitivo como Japão), a violência é o que mais me assusta. Hj, caminhando em meu bairro, entre donos de cachorros levando seus bichinhos para fazer coco nas calçadas (isso é que é evolução, hein?) me deparei com uma cena no mínimo Tarantiniana: um grupo de meninos entre 12 e 15 anos cercava um carro forte e o hostilizava. Enquanto isso, frentistas do posto acompanham a tudo receosos.

O mais novo, faz o tradicional gesto do dedo do meio para o motorista enquanto os outros cercam o carro com aquele ar de superioridade e afrontamento de quem não tem o menor medo de sofrer qualquer consequência que seja. É como se eles fizessem suas próprias leis e só temessem o traficante líder de sua quadrilha. E nem armados eles estavam. Tamanha a ousadia, é como se nem precisassem de nada, só sua presença já era uma ameaça.

Correndo o risco de despertar toda a ira dos politicamente corretos, dos pseudo protetores dos direitos humanos, eu afirmo: aqueles meninos me pareciam bandidos. Pelo porte, pela atitude. É sim, estou julgando-os pelo que vi. Não fui lá entrevistá-los e tão pouco fiquei esperando que eles ateassem fogo no posto, no carro forte e explodissem o quarteirão. Eu tratei de ir embora. Olhando atônita para o total colapso da convivência civilizada.

Essa reflexão não é para indicar culpados, criticar o governo, a falta de educação, a condição de pobreza, o preconceito e o velho bla, bla de sempre.

Vejo que estamos construindo um futuro nada glorioso, que estamos involuindo, chegando ao básico do que compõe cada ser, o espírito de sobrevivência. Onde cada um segue suas próprias regras, não há polícia ou bandido. Formam-se grupos amorfos de pessoas que tomam decisões baseadas em instinto, em suas próprias prioridades e gosto. Uma simples discussão de transito e o fulano toma um tiro. Cruzar com uma gangue diferente da sua e já é um convite para matar alguém na porrada. Seu time perdeu? Lá se vão os torcedores destruírem tudo. Sério que isso tudo é normal?

Sem valores, sem regras, sem bem e bem mal. O completo colapso do que chamamos viver em sociedade. Só a baderna. Se não era apenas pelos 0,20 centavos agora não é por nada. É pelo simples ato. É para protestar pelo que mesmo?

Vc pode até optar por tentar viver sua vida prosaica, fingindo que nada disso te afeta, se anestesiando na trinca mágica: novela, futebol e carnaval. Mas me arrisco a dizer que caminhamos para o universo do policial Max, sem qualquer sinal de justiça ou happy ending.