25 de ago. de 2012

Eu fraudo, Tu fraudas e todos acabam sujos

Em 3 dias seguidos, 3 "convites" para uma inofensiva fraude. Está no sangue. Conhecido pelo jeitinho brasileiro, nossa gente tem remédio para tudo. Sinal de criatividade e de um povo sofrido que não se entrega ou uma forma desleal de levar a vida tirando vantagem de tudo e todos?

Cena 01:
Peço um Americano na padaria e a garçonete retorna com minha comanda (aquelas de códigos de barras) e fala baixinho:
- Moça, anotei errado. Marquei um Bauru. Passa no caixa e não fala nada.
Olhei no cardápio e o lanche marcado era R$ 2,30 mais barato. Mastiguei meu sanduiche intrigada pelo pequeno drama moral. Ajo de forma honesta e aviso na hora de pagar? Provavelmente a funcionária vai tomar uma bronca e nas próximas vezes ela vai cuspir na minha comida. Ou faço a egípcia? Afinal R$ 2,30 de diferença não vão fazer falta para o dono da padaria.

Cena 02:
Fui a um dermatologista que não tem plano de saúde que me receitou exames. Ligo no Laboratório para agendar e digo que o plano de saúde cobre os exames. Pergunto o procedimento padrão nesses casos. A mocinha em bom gerundês me sugere:
- Senhora, sem a guia do plano a gente não pode estar fazendo seu exame. A Senhora pode estar passando em outro médico do seu plano e pedir para que ele te solicite com a guia.
Juuuura que vc está me pedindo para eu passar em outro médico e fraudar o pedido? Não entendo pq ela simplesmente não me disse para ligar para o meu plano de saúde e aprovar os exames, que seria bem mais óbvio e o correto. Mas a ideia de "dar um jeitinho" foi a resposta natural dela.

Cena 03:
Fui renovar a minha CNH e descobri que vou precisar fazer o tal do exame escrito no computador. E não é que me foi sugerido um "procedimento" para eu passar sem problema?

Sem querer dar lição de moral em ninguém, mesmo pq das 3 eu acabei aceitando pagar o sanduiche mais barato, então não sou tão inocente assim. Mas chegou a hora de encararmos os fatos sem hipocrisia. Não são somente os políticos que armam seus esquemas. Nossa sociedade inteira está mergulhada nessa filosofia de vida. Tanto que vc chega a se sentir mal em não querer participar. E se na hora que eu for fazer a minha prova for prejudicada pq não entrei no esquema?

Mesmo assim, me parece que nem tudo está perdido, tenho visto pessoas reclamando dessa forma de agir, mas ainda falta muito, falta olhar para o próprio umbigo, né?

Vamos pensar bem quando formos furar uma fila ou estacionar o carro rapidinho na vaga de deficiente. Não se engane, isso não é inofensivo e vc só alimenta esse sistema doente. Com certeza, isso vai voltar não só para vc.

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Beijos e Bytes

15 de ago. de 2012

Decifra-me ou te devoro

Na última empresa em que trabalhei precisei selecionar alguns profissionais para preencher uma vaga em aberto na minha área.

E foi durante as entrevistas que escrevi um texto de total tiração de sarro de alguns candidatos e os deslizes bizarros que eles cometeram durante o processo.

Porém, resolvi esperar um pouco para publicá-lo. Pelo menos até que o novo funcionário fosse contratado e a história esfriasse.

O tempo passou e achei que estava na hora certa, mas agora sou eu quem está no banco do entrevistado e relendo o texto vejo que o que escrevi não é mais tão engraçado... Tá, tá, é engraçado, mas eu ainda não consigo rir dos meus erros o suficiente para deixar a minha consciência tranquila para avacalhar os outros. Tá, só um pouquinho...

Sei que meus leitores preferiam a fase em que eu apresentava mais sarcasmo e menos consideração pelo próximo, mas é tudo culpa da Yoga. eheheehhe

Enfim, com relação às minhas últimas entrevistas para um novo emprego, tenho certeza de que foram um fiasco. Não fiz metade das perguntas que queria e deixei de argumentar alguns aspectos importantes. Eu parecia um boneco de madeira.

É incrível como tudo o que vc ensaia em casa escoa pelo ralo durante a entrevista. Será que é alguma coisa que eles colocam na água? E é mais triste ainda quando vc começa a se lembrar que deveria ter dito algo quando está a caminho do elevador, indo embora. Duh!

Vc relaciona exaustivamente seus pontos fortes e fracos e quando o entrevistador pergunta, vc diz: gaaa guuuh, errrr... Senhor! O que ocorre?

Deve haver algum mecanismo do cérebro de autossabotagem (jura que pela regra ortográfica nova isso se escreve assim?). A pessoa sabe que não pode chegar atrasada e ela chega. Sabe que tem que levar o currículo impecável, mas ela o apresenta todo marfanhado, como se tivesse saído do capacete de um soldado no front de batalha. Escolhe a melhor roupa e derruba café minutos antes.

Tsc, tsc, tsc.

Agora eu entendo e nem posso criticar o espirituoso candidato que me ligou, na época em que eu estava fazendo a seleção de um funcionário e disse:

- Olááá tudo bem? Bora lá marcar entrevista para amanhã?
Eu cheguei a pensar, o cara é tão feliz! Meu amigo íntimo já. Ai tipo assim, amei! Mas mantive a seriedade e respondi:
- Errr, não será possível caro candidato, estou olhando na agenda e só temos horário na terça que vem. Tudo bem para vc?

- Ah, ok (meio desanimadinho eu achei. Não parecia mais tão meu brother). E, vem cá, quantas vagas são para a de... é... tipo.. essa ai que eu estou concorrendo?
Eu deveria ter imaginado que ele estava nervoso, sob pressão e deveria ter dado mais uma chance para ele, não é?
Not!
Agora a entrevistadora malvada vai ter que passar pelas mesmas agruras...

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Beijos e Bytes