20 de abr. de 2015

Passa a régua, comecei uma nova carreira

Demorei 17 anos para descobrir a minha verdadeira vocação. Tempo esse vivendo em outra profissão.

Já cheguei a pensar que foi perda de tempo. Mas hoje vejo que não. Como poderia ser diferente se a profissão que deveria seguir não tinha sido inventada ainda?

Conhecimento não ocupa espaço. Os lugares em que trabalhei e as coisa que fiz me renderam aprendizados que construíram a minha carreira de publicitária, até que de forma consistente.

Acho engraçado como as engrenagens da nossa vida encontram um jeito de funcionar. Muitas vezes de forma bem diferente do que gostaríamos. Mas uma hora elas encaixam, as fichas caem, o caminho fica mais claro.

Os indícios estavam lá, mas a gente não consegue conectar os pontos estando dentro do desenho. É preciso sair, surtar, ver as coisas de outra perspectiva.

Talvez a minha justificativa não seja original e possa soar bem piegas. Embora eu sempre tenha desejado que meu trabalho pudesse melhorar o mundo. Cheguei a pensar em entrar para o Greenpeace ou outra ong.

Só que no fundo eu achava que não era bem isso que eu deveria fazer.

A pergunta sempre soava: se não isso, o que?

Depois, percebi que para melhorar o mundo precisaria melhorar as pessoas. Achava que a arte tinha esse poder. Então, atuei no mercado cinema. Não era isso ainda.

Um gosto amargo de decepção continuava em minha boca.

E a pergunta de novo, se não isso, o que?

Desvendar as pessoas e a mim mesma sempre fora uma obsessão. Por isso, diversas vezes pensei em ser Psicóloga, mas é algo que vc não escolhe, tem que ser vocação. E eu não tinha.

Desisti de achar a resposta por uns tempos. Dei sequencia ao status quo. Mudando de empresa quando ficava muito insatisfeita. Trocando até de segmento.

E ao mesmo tempo pensava: "Por que os outros ouvem esse chamado e eu não? Por que eu nasci assim?"

Então, flertei com outro mercado que me atraia. O do bem estar. Agora achei! A empresa em que trabalho é do segmento de saúde/fitness, deixa as pessoas felizes, mais saudáveis e melhora a autoestima. É isso! Meu post de janeiro de 2014 fala isso claramente. Enfim, encontrei! Ufa!! Vou ser feliz para sempre.

Só que não é bem assim que as coisas são. Logo estava com o mesmo gosto amargo na boca.

Foi então que decidi fazer um novo curso (sempre que eu estou empacada, eu faço isso).

E lá, de novo, sendo absolutamente piegas, digo que minha vida mudou. As fichas caíram e finalmente tudo fez sentido. Eu nasci para ser Coach!

Repassando os acontecimentos, vejo pequenas pistas ao longo do processo, uma conversa aqui, outra ali. Tenho uma lista enorme de pessoas que nem sabem o quanto elas me ajudaram. Mas esse tema merece um texto especial.

E então tudo fico cor de rosa de repente. Não, não é bem assim. Ninguém vira uma chavinha e começa uma nova profissão. Tem que ralar tudo de novo, só que com um belo bônus, toda a bagagem adquirida.

Nesse exato momento estou na migração. Metade lá, metade cá. A metade que fica para fazer a retaguarda e garantir a segurança de um salário, se esforça para continuar vendo graça no dia a dia do escritório. A metade que quer queimar a ponte, está cheia de energia e ao mesmo tempo insegura, mas sabe que não pode parar agora. Não agora, que achamos o caminho!

Como tenho lido muito por ai, a melhor forma de combater o medo é o MOVIMENTO. E disso, eu sempre gostei muito.

20 de fev. de 2015

Yoga é coaching

Meus coachees sempre me perguntam, como posso continuar mudando, me transformando, depois que as sessões acabarem? E eu sempre penso: "fazendo yoga".


Em alguns casos, eu até falo, mas correndo o risco de parecer querer transformar todo mundo em praticante, muitas vezes freio as minhas palavras.

Mas pensa um pouquinho comigo.

O que é esse tal de coaching? De maneira simplista, é um processo na qual um profissional conhecido como coach irá ajudar o coachee (cliente, pessoa que está passando pelo processo) a atingir um objetivo em sua vida, auxiliando-o a usar melhor seus pontos fortes, aproveitar oportunidades e evitar ameaças.

Esse processo funciona porque 1 vez por semana durante uns 3 meses, o coach se encontra com o coachee e o estimula a pensar objetivamente sobre suas questões, a identificar como e quando agir e sempre deixa uma tarefa para a próxima semana. Um gancho para questionar o seu aprendizado.

Que outra atividade consegue reunir em 1 hora corpo, mente e que leve ao autoconhecimento?

Um praticante de corrida vai dizer: correndo eu relaxo, sinto meus problemas menores. Uma pessoa que dança, vai dizer a mesma coisa. Ou que ande de skate, escale montanhas, pinte quadros, faça música... Mas, essas atividades não levam a uma ação, a análise interna de forma tão focada.

Só a prática faz isso e de maneira contínua. Seu universo cabe no mat (o tapetinho de yoga). Tudo que acontece ali dentro, diz respeito a como você vê o mundo e se comporta nele.

Se você desiste das posturas mais desafiadoras, é medo ou sente que não está pronto? E dos desafios da vida? Não reage igual?

Se você se compara com os outros praticantes na sala, querendo fazer mais ou melhor, não seria o mesmo na sua rotina? Uma vez competitivo, sempre competitivo.

Se não consegue se concentrar em uma postura mantida, como é o nível da sua concentração durante o dia? É igual, não é?

E quando você consegue traçar esse paralelo entre a sua vida e aquela 1 hora de prática é que as fichas começam a cair. Não que seja mágica, porque a nossa transformação leva tempo, exige reforço e a coragem de olhar para si buscando mudar o que não te agrada mais.

Percebi que fico muito presa ao passado. E isso é um problema, que muitas vezes me impediu de evoluir. Para transformar esse sentimento que é tão seminal em mim, vai demorar. Não sei quanto. Mas a cada prática, quando fico muito chateada por não ter conseguido fazer uma postura, lembro que preciso deixar esse apego de lado e seguir. Não pensar mais na que não deu certo porque logo vem outra e preciso estar concentrada para realizá-lá.

Mas assim como o coaching, que não é para todos, a prática de Yoga também não é. Para passar por ambos, a pessoa precisa estar pronta para questionar as suas verdades mais enraizadas. E perceber que algumas delas não te servem mais.

11 de set. de 2014

Uma dama não comenta sua idade...

3.9! Uau! Parece que foi ontem que eu achava todo mundo tiozinho ou tiazinha.

Se bem que eu ainda acho isso, ahahha.

A idade está no cabeça, não? Continuo programando-a para ficar com 20 e poucos e um senso de estética adequado a minha idade cronológica.

Nem nos meus sonhos mais otimistas pensei em chegar aqui desse jeito. Depois de uma fase meio esquisita e sem rumo, minha vida inesperadamente começou a se ajeitar de uma forma que não consigo/nem quero questionar de tão coesa.

Maktub! Quase 4 décadas para descobrir minha missão nesse planetinha. Mas, enfim ela veio. Bom já estava lá, eu é que não estava conseguindo conectar as coisas. Paciência, tudo que vivi, virou bagagem. Daquelas boas de carregar. Que vão servir para algo.

Não que o caminho seja fácil. A diferença é que agora ele faz sentido. E foi tão especial pq as descobertas ocorreram perto do meu aniversário.

Com o encerramento do curso de coaching descobri que é essa carreira que devo seguir. De coração. E tudo aquilo que me incomodava, se desfez, como um passe de mágica.

E eu adoro o dia do meu aniversário. Teve até bolo surpresa no escritório, almoço com o maridão e várias msgs de carinho o dia todo. No final, um bolinho com meus pais. Se for contar, comi 4 bolos diferentes hj. Uma verdadeira suruba gastronômica.

Essa semana tem sido incrível que vale a pena registrar a super lua que tem iluminado a noite como um sol. Só falta a água voltar a cair. A gente está precisando bastante por aqui.

De tão feliz, meu texto fica meloso demais, é eu sei. Ok, escrever com raiva sempre me torna mais debochada e engraçada, mas o jeito desbocado vai ficar para depois.

Hoje, sou só gratidão e felicidade.

5 de jun. de 2014

A prática na prática

Praticar Yoga me trouxe uma inquietude. Estranho, não?  Bom, na verdade não.

Há uma boa diferença entre estar anestesiado e estar sereno. O anestesiado desistiu, qualquer coisa serve. Já o aquietamento é consequência de uma série de transformações, é quando se entende o que realmente importa, quando você consegue reduzir sua vida ao básico (de sentimentos), ao essencial.

E não é uma receita de médico, tipo: pratique yoga 3 vezes por semana e fique calminho. Isso não existe. Isso é um esteriótipo bobo de tentar transformar algo em um produto, no melhor estilo compre X e ganhe o benefício.

Serenidade também não tem a ver com apatia. Está mais para uma segurança interna, uma voz que te diz para continuar, para batalhar, uma certeza interior (ou divina) que te deixa em paz com suas decisões.

Voltando ao básico dos sentimentos, é lógico que gosto dos pequenos prazeres, da sensação de jantar em lugares bacanas, de presentes bonitos, de ter conforto, uma carreira elogiada e de ter meu ego massageado. Mas tenho me perguntado se o segredo para a felicidade não é descomplicar todas as sensações que envolvem essas vivências. E até conviver com o sofrimento. Ele existe, não dá para evitá-lo. Ou até dá, tomando um tarja preta qualquer, de novo, compre o produto e ganhe o benefício. Não é isso que quero para mim.

Voei de balão na Páscoa e minha cabeça estava tão cheia de preocupações (com relação ao trabalho e outras bobeiras) que não aproveitei tanto o passeio. De que adianta uma experiência dessa, se eu não consegui reduzir meu pensamento ao básico das sensações: vista bonita, ar puro, emoção de voar?

A prática me fez ver que preciso destruir meus conceitos para depois construir, uma coisa Shiva de ser. E isso pode ser bem doloroso a maior parte das vezes.

"Mas vc ainda está em transformação, quase chegando aos 40?"

É, estou sim. E acho que quem tem certeza de tudo, que sabe tudo, que já aprendeu tudo, está a um passo de virar um zumbi. Não quero ser assim. Quero não saber um monte de coisas, aprender outras tantas.

Percebi que a minha visão de mundo estava errada. Até a imagem que eu faço de mim precisa mudar. O que devo buscar? Para onde ir?

Assisti esse relato fantástico e me identifiquei bastante. Quem diria, um menino de 13 anos com tanta lucidez!

Eu sempre soube o que queria ser quando crescesse, queria ser feliz, igual ao garoto.
E como fazer isso? Essa é outra história. Tive algumas vagas noções, persegui essas premissas e o resultado não foi o esperado.

Que coisa tão difícil essa de definir a felicidade! Se a resposta está dentro de mim, pq não a encontro?

Porque está soterrada de camadas e camadas de cobranças, de conceitos idealizados, expectativas, modelos..... todo um manual de como ser uma mulher perfeita, realizada, cheia de sucesso, jovem para sempre, que tem uma performance de atleta 24 horas por dia. Praticamente uma semideusa. Ideais que eu mesma me propus. Sem contar todos os medos, de fracassar, de errar, de se arrepender, de ser mal interpretada, de não ser querida, ou respeitada...

Ok a vida não é perfeita, cheia de fatalidades, maldade, doença, gente querendo puxar o teu tapete. Você não precisa fazer isso consigo mesma, né?

Para resumir, vejo que preciso corrigir as respostas para as 2 principais perguntas: quando e como.

Não é quando eu conseguir algo vou ser feliz. É ser feliz agora neste momento em que escrevo, por exemplo. É atingir um estado de serenidade em que nada te incomoda, sem euforia, sem tristeza. Essas duas, são sensações passageiras. Extremos da mesma moeda. Devo buscar a continuidade, a permanência, um estado de santosha, de contentamento. Acho que começo a entender "dos esquemas" ahahah.

E a segunda pergunta, como? Uma reprogramação da mente daria conta do recado. Apagar todos pre sets e começar a incluir novos. Como? No meu caso:  paciência (que preciso desenvolver) e Yoga.

Se vai funcionar para você, meu caro leitor? Não posso te dizer. Se a experiência será a mesma? Com certeza não. Quando tinha 20 anos jamais faria Yoga, só se fosse power. "É muito parada, não tem nada a ver comigo". Talvez não tivesse mesmo. Não naquele momento.

Até a noção de acertar x errar está se desconstruindo para mim. Se me perguntarem sobre as minhas certezas, digo que nem sei. Nesse momento, tudo é relativo, é transformação e tudo ainda é muito desconfortável.

Aliás, eu só tenho uma certeza, o amor é o mais poderoso dos sentimentos. É nele que me apoio nessa caminhada. (Fico por aqui, esse é tema para outro post.)

3 de abr. de 2014

O Teatro

O teatro das relações sociais me aborrece.

A dança das palavras carregadas de segundas intenções, os salamaleques dos gestos, o vai e vem das promessas vazias, todos esses truques, tiques e traquitanas sociais me despertam nada além de tédio.

Ah! Quanto tempo perdido pensando em mentiras, inventando histórias, realidades paralelas, perpendiculares, difusas.

O drama disfarçado de comédia. A inveja travestida de elogio. O sorriso que antecede o golpe. Quanta energia desperdiçada.

Sinto um desgosto profundo pelas caras monótonas daqueles que se enquadram nos papéis, se resignam aos seus clichês, repetem os mesmos conceitos feito uma reza decorada sem sentido.

Prefiro a fúria da verdade, da transparência, da objetividade. Sem meias palavras, meia intenção, meia vida, seguindo um roteiro que já foi escrito, reeditado e mastigado.

Mais vale um franzir de olhos sinceros a um sorriso morno de complacência ensaiada.

O teatro das relações sociais não merece meu aplauso, audiência ou minha paciência.




7 de mar. de 2014

Era uma casa muito engraçada

Nesse apartamento muito estranho,
Só tem as 4 bocas do fogão.
Não tem forno, nem microondas.
E fritura não!

Na geladeira não podem faltar:
Frutas, manteiga e queijo ralado.
Ah sim, cubos de gelo
Para drinks inesperados.

TV por assinatura e TV no quarto,
Nem pensar!
Uma máquina de lavar roupas
É um item a se considerar.

Peças feitas a mão
Convivem com móveis pre fabricados.
E no natal um dragão
Encara um papai noel todo iluminado.

Duas sacadas com plantas não planejadas
E uma árvore cheia de pássaros como vizinha.
Muita música para preencher os cantos
E organização para essa moradia pequenina.

Porém nem tudo vai bem.
Falta uma porta em um armário adaptado.
Fazendo frio ou calor
Um novo chuveiro dá conta do recado.

Muito estranho viver assim!
Como seus donos o fazem?
A receita é clara para mim
Respeito, amor e sonhos que ambos trazem.


28 de fev. de 2014

O templo de cada um

Quando vc entende que seu corpo é um templo, acaba preservando-o como o tal. Não que só o seu seja assim, afinal todos deveriam ser sagrados, mas ele se torna o seu templo, a sua morada real, mesmo que passageira nessa vida.

E pensando assim, vc se posiciona para evitar o que te faz mal. Vc tenta se preservar e respeitar mais. Se for agressão por parte dos outros é mais difícil de conter. Mas vc passa a enxergar e tentar evitar os pequenos atos depredatórios praticados contra nós mesmos: excesso de trabalho, de cobranças, de pensamentos e pessoas negativas, a falta de cuidado com a alimentação...

Preocupar-se com o corpo acaba refletindo em sua alma, já que ele é uma expressão do seu interior. Mas esse pensamento deve ser norteado pelo limite de cada um, pela aceitação do diferente. Cada templo é único, tem seus arcos, suas torres, janelas e até pequenas rachaduras e imperfeições.

Reformá-lo para entrar em um padrão é perda de tempo, é mascarar o exterior sem arrumar o conteúdo interno. Pq padronizar o que já nasceu único?  Também adianta pouco trabalhar somente a parte interna, enquanto o externo cai aos pedaços, exposto aos intemperes.

A transformação deve ser em conjunto: interno e externo. Um puxa o outro, seja para o bem e para o mal.
Como fazer isso? Cada qual deve encontrar a forma. Não é receita de bolo.

Mesmo que os templos sejam abertos à visitação pública, algumas áreas permanecem restritas, com acesso garantido somente àqueles que merecem. E veja que as permissões não são eternas. Alguns perdem o privilégio com o tempo.

E quando finalmente vc entender que dentro desse templo habita um Deus, o seu Deus e não um modelo preconcebido que te disseram para acreditar, ai sim, o processo estará completo.

Eu? Estou em construção, com certeza. Recolocando, realocando e repensando os tijolos, as paredes e porque não, as janelas.