5 de jun. de 2014

A prática na prática

Praticar Yoga me trouxe uma inquietude. Estranho, não?  Bom, na verdade não.

Há uma boa diferença entre estar anestesiado e estar sereno. O anestesiado desistiu, qualquer coisa serve. Já o aquietamento é consequência de uma série de transformações, é quando se entende o que realmente importa, quando você consegue reduzir sua vida ao básico (de sentimentos), ao essencial.

E não é uma receita de médico, tipo: pratique yoga 3 vezes por semana e fique calminho. Isso não existe. Isso é um esteriótipo bobo de tentar transformar algo em um produto, no melhor estilo compre X e ganhe o benefício.

Serenidade também não tem a ver com apatia. Está mais para uma segurança interna, uma voz que te diz para continuar, para batalhar, uma certeza interior (ou divina) que te deixa em paz com suas decisões.

Voltando ao básico dos sentimentos, é lógico que gosto dos pequenos prazeres, da sensação de jantar em lugares bacanas, de presentes bonitos, de ter conforto, uma carreira elogiada e de ter meu ego massageado. Mas tenho me perguntado se o segredo para a felicidade não é descomplicar todas as sensações que envolvem essas vivências. E até conviver com o sofrimento. Ele existe, não dá para evitá-lo. Ou até dá, tomando um tarja preta qualquer, de novo, compre o produto e ganhe o benefício. Não é isso que quero para mim.

Voei de balão na Páscoa e minha cabeça estava tão cheia de preocupações (com relação ao trabalho e outras bobeiras) que não aproveitei tanto o passeio. De que adianta uma experiência dessa, se eu não consegui reduzir meu pensamento ao básico das sensações: vista bonita, ar puro, emoção de voar?

A prática me fez ver que preciso destruir meus conceitos para depois construir, uma coisa Shiva de ser. E isso pode ser bem doloroso a maior parte das vezes.

"Mas vc ainda está em transformação, quase chegando aos 40?"

É, estou sim. E acho que quem tem certeza de tudo, que sabe tudo, que já aprendeu tudo, está a um passo de virar um zumbi. Não quero ser assim. Quero não saber um monte de coisas, aprender outras tantas.

Percebi que a minha visão de mundo estava errada. Até a imagem que eu faço de mim precisa mudar. O que devo buscar? Para onde ir?

Assisti esse relato fantástico e me identifiquei bastante. Quem diria, um menino de 13 anos com tanta lucidez!

Eu sempre soube o que queria ser quando crescesse, queria ser feliz, igual ao garoto.
E como fazer isso? Essa é outra história. Tive algumas vagas noções, persegui essas premissas e o resultado não foi o esperado.

Que coisa tão difícil essa de definir a felicidade! Se a resposta está dentro de mim, pq não a encontro?

Porque está soterrada de camadas e camadas de cobranças, de conceitos idealizados, expectativas, modelos..... todo um manual de como ser uma mulher perfeita, realizada, cheia de sucesso, jovem para sempre, que tem uma performance de atleta 24 horas por dia. Praticamente uma semideusa. Ideais que eu mesma me propus. Sem contar todos os medos, de fracassar, de errar, de se arrepender, de ser mal interpretada, de não ser querida, ou respeitada...

Ok a vida não é perfeita, cheia de fatalidades, maldade, doença, gente querendo puxar o teu tapete. Você não precisa fazer isso consigo mesma, né?

Para resumir, vejo que preciso corrigir as respostas para as 2 principais perguntas: quando e como.

Não é quando eu conseguir algo vou ser feliz. É ser feliz agora neste momento em que escrevo, por exemplo. É atingir um estado de serenidade em que nada te incomoda, sem euforia, sem tristeza. Essas duas, são sensações passageiras. Extremos da mesma moeda. Devo buscar a continuidade, a permanência, um estado de santosha, de contentamento. Acho que começo a entender "dos esquemas" ahahah.

E a segunda pergunta, como? Uma reprogramação da mente daria conta do recado. Apagar todos pre sets e começar a incluir novos. Como? No meu caso:  paciência (que preciso desenvolver) e Yoga.

Se vai funcionar para você, meu caro leitor? Não posso te dizer. Se a experiência será a mesma? Com certeza não. Quando tinha 20 anos jamais faria Yoga, só se fosse power. "É muito parada, não tem nada a ver comigo". Talvez não tivesse mesmo. Não naquele momento.

Até a noção de acertar x errar está se desconstruindo para mim. Se me perguntarem sobre as minhas certezas, digo que nem sei. Nesse momento, tudo é relativo, é transformação e tudo ainda é muito desconfortável.

Aliás, eu só tenho uma certeza, o amor é o mais poderoso dos sentimentos. É nele que me apoio nessa caminhada. (Fico por aqui, esse é tema para outro post.)

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