27 de mar. de 2012

Ego trip

Descobri que tenho um pequeno argentino dentro de mim. Ou será que ele é um francesinho? Até preferia um francês mesmo. Mais fino, sangue europeu.

Calma, calma. Não estou grávida e nem tão pouco saí por ai experimentando novas nacionalidades.

O argentino em questão (humm, melhor colocar a letra A maiúscula na próxima vez) todos têm. Ele tb atende por Ego e pode ser maior ou menor dependendo da pessoa e do momento da sua vida.

Às vezes ele é tão grande que a pessoa ao entrar no cinema deveria comprar 2 ingressos. Outras vezes é tão pequeno que fica sentado no seu ombro soprando besteiras no seu ouvido.

E ele não é de todo mau. Em alguns momentos, com certeza, ele evitou que vc fizesse papel de idiota para pessoas que não te mereciam, mas tb já deve ter te colocado em várias batalhas territoriais fazendo vc ter que provar quem é que manda nessa p$$## ou fez vc pensar quem é vc para falar assim comigo?

E a difícil arte de controlá-lo permanece um mistério, talvez revelado apenas para os puros de coração.

Entre alimentá-lo, mantê-lo na jaula ou deixá-lo na inanição existe um árduo processo de auto-conhecimento e auto-controle.

Mais difícil ainda é quando eles todos se encontram: o meu, o seu, o do vizinho, o do motorista que está na sua frente no carro... E dai-me paciência.

O meu por exemplo, é terrível! Ele nem é tão grande (espero), mas ele fica na minha orelha me envenenado até que eu faça o que ele quer, que eu entre no seu joguinho. E eu fico tentando amordaçá-lo, aquietá-lo de forma pacífica.

Em alguns momentos até é inofensivo, quando tenho que me superar, por exemplo, em atividades físicas. Mas em outros, vejo que a diplomacia seria muito bem vinda ao invés da batalha campal.

Enfim, ele anda meio fora da casinha ultimamente e eu tendo a achar que andaram provocando ele demais.

Mas ainda sigo tentando contorná-lo para ver as coisas com clareza. Até quando? Essa eu não sei responder não.


-----
Beijos e Bytes

16 de mar. de 2012

Caminhando na prancha

O que te move?

Uma pessoa que gosta de respostas secas diria: "Minhas pernas."

Outros poderiam elaborar mais e dizer: "Através dos comandos do meu cérebro e da oxigenação do corpo, irrigação dos vasos sanguíneos e um complexo sistema muscular, consigo movimentar-me através dos impulsos transmitidos às minhas  pernas."

Ok, respostas certas, mas eu estou um pouco cansada dessa ótica científica das coisas.

O que quero ouvir, quando pergunto isso são respostas subjetivas que vêm da alma ou de sei lá onde que não tem explicação.

Me encanta ouvir os relatos recentes de jornalistas de uma rádio que dizem, com brilhos nos olhos (posso apostar) como suas profissões os fazem tremendamente felizes.

Adoro ver o programa da Cultura que mostra o ponto de virada na carreira de algumas pessoas respeitadas no meio artístico, como escritores, bailarinos e etc.

E eu fico sonhando e pensando que um dia eu tb poderei dar esses depoimentos. Não na TV ou no rádio, mas em uma conversa com amigos. Fico pensando que comigo isso tb pode acontecer.

Semelhante aos atletas, que precisam se sacrificar para atingir um objetivo, mas mesmo assim não fariam outra coisa de suas vidas.

Pessoas que dizem: "Nasci para ser médico" ou "Comecei a desenhar aos 7 anos e nunca mais parei" são verdadeiros heróis para mim.

Tenho esperança que eu ainda vou me indentificar totalmente com meu trabalho, mesmo que hajam problemas, mas eles não me impedirão de achar que o dia foi positivo, que fui produtiva.

Sinto uma invejinha dos músicos que dizem que seu trabalho é diversão. E penso com todas as minhas forças que um dia eu tb vou partilhar dessa sensação.

Pq não aconteceu? Não sei dizer. Talvez eu devesse me atirar, me arriscar mais.

Sim, hj é sexta, para variar. O dia mundial de resolver o que não foi resolvido. ;)

---
Beijos e Bytes

10 de mar. de 2012

A insensatez ignorante

Algo de estranho no mundo. Devem ser essas novas lentes que estou usando para traduzi-lo. E olha que já está na hora de trocá-las. Há cada 10 anos, eu vou mudando.

Lentes de óculos? Não mesmo. Na verdade são aquelas formadas pelas camadas de conhecimento que vamos acumulando com nossa vivência.

Tem gente que usa a mesma desde que é criança. Outros já nasceram com suas velhas lentes, seus filtros amarelados. São as crianças adultas, parecem ter vindo ao mundo com espírito maduro.

Mas o mundo não mudou? Ah, sim, com certeza. Mas eu mudei tb. E eu o vejo de outra forma, com menos poesia, com menos tempo de escutar os pássaros e ficar parada na janela de madrugada só olhando as estrelas, recebendo a brisa gostosa da noite. Vendo a cidade piscar, tilintar. Era criança e tinha todo o tempo para contemplar.

Então veio a adolescência. Um tufão de novidades, efervescência e possibilidades. Não tinha tempo a perder, tinha que viver tudo ao mesmo tempo, como se não tivesse outra chance. Contemplar? Jamais! Tinha que mergulhar.Achava que podia fazer tudo, ser tudo. Dormir? Para que? Só parava quando caia doente em um ctrl+alt+del forçado.

Veio uma nova fase, um começo de amadurecimento. E naturalmente fui voltando para minha concha. A contemplação agora não é externa, pelo contrário. E quanto mais me aproximo da minha essência, vou encontrando um ar não tão puro - parafraseando Chico Science.

Finalmente admito que quero entender os outros para poder antecipar seus movimentos. Mas sou obrigada a encarar o fato de que isso é completamente inviável. Decido então que se não posso decifrar o outro, vou ter que decodificar a mim mesma. Ah, mas isso me parece tão menos interessante e tão mais dolorido.

Quero voltar a ignorância, deixa? Dá para fechar a Caixa de Pandora?

Enfim, aquieta-te, deixa fluir. Talvez para a nova fase, um pouco de insensatez seja novamente bem-vinda.

----
Beijos e Bytes

TGI?

Sexta-feira é o dia em que eu acordo feliz, ingenuamente feliz. Pensando apenas que o fim de semana está perto, com todas as suas promessas de diversão ilimitada.

Uma amiga minha de longa data sempre diz que as sextas são infernais. Como se o sofrimento extra servisse para purificar a pessoa antes de chegar ao paraíso do fim de semana.
Mas eu nunca me lembro disso. Como a criança boba que morde o sorvete gelado e esquece que ele vai lhe trazer uma dor insuportável, eu acordo contente, ignorando o caos que se avizinha.

Estranhamente o dia segue seu roteiro macabro. Chego saltitante no trabalho e fico fazendo piadas a la Zorra Total até o meio dia.  Dou risada e canto pelos corredores. Estou tão bem humorada que chega a ser irritante. Então, num passe de mágica, qdo retorno do almoço, me vejo nos calabouços dos Orcs. Uma avalanche de problemas inesperados, urgentes e maquiavélicos aparecem, todos para serem resolvidos até às 18hs e o que era para ser uma tarde morna, vira um inesperado campo de batalha.


Eu DE-TES-TO esses tipos de surpresinhas. O-DE-- O me pegar em situações em que eu não estou preparada. E O-DE-I-O ainda mais resolver problemas que não criei. É então que tento terminar a tarde com alguma dignidade, manter minha sanidade, meu emprego e não matar ninguém.

Diante de tanto esforço, chego em meu singelo castelo, capenga, exausta, sem paciência. Só consigo relaxar quando assisto o meu seriado preferido de assassinatos.

Ver pessoas sendo mortas por motivos banais e encontradas em latas de lixo me deixa feliz? Huuum, não, na verdade as mortes pouco importam. O que me conforta é que pelo menos no seriado, pessoas competentes conseguem identificar a m### que os outros fazem e os colocam em seus devidos lugares.

Uma óbvia metáfora do que eu gostaria que acontecesse na vida real? É, pode apostar!

Mas os assassinatos são metafóricos tb? Boa pergunta...

----
Beijos e Bytes

3 de mar. de 2012

Não é um mais um reality show

Estou aqui sentada na minha sala, em silêncio. Depois de uma sexta-feira bem quente e transito caótico, resolvi ler uma revista antes de dormir.

Enquanto leio, presto atenção nos sons ao meu redor e que vem da janela: um carro que passa na rua, pessoas andando e conversando animadamente, alguém caminha escutando música ruim e alta em seu celular.

Tudo isso é bem comum, mas alguns sons tem ficado mais frequentes, não sei se pq antes eu morava em um andar muito alto, longe de tudo ou se não prestava atenção direito, só sei que tenho ouvido discussões homéricas vindo de todos os lugares. De edifícios vizinhos, de pessoas na rua e até do meu próprio prédio.

Agora há pouco fui surpreendida por uma briga furiosa no meu andar. Como é tradicional dos paulistanos, mal conhecemos nossos vizinhos e comigo não é diferente. Não sei quem mora nos 3 apartamentos ao meu redor. Se sei, é apenas de vista e nunca reconheceria a pessoa se encontrasse com ela em outro local que não o saguão daqui.

Enquanto ouço o cara berrando loucamente e falando vários palavrões, a menina chora desesperada. Um choro doído, sofrido. Não consigo entender sobre o que discutem, mas me parece que ela pede para ele não encostar nela. Entendo que ele está prestes a agredí-la e subitamente quero interferir.

Meu bom senso grita, segurando minha valentia, dizendo que em "briga de marido e mulher não se mete a colher". Mas não posso ficar quieta em uma situação dessa. Não sei quem tem razão, não sei quem está exagerando, só sei que ela parece ser muito frágil e ele descontrolado.

Para piorar a situação estou sem interfone e meu marido no décimo sono. Num impulso, após ouvir um barulho vindo da sala deles, resolvo descer e falar com o porteiro.

Para minha surpresa, o funcionário relata que a menina tinha há pouco descido na portaria para pedir uma ambulância, pois seu namorado estava desacordado. E aguardava a chegada do SAMU em seu apartamento.

- Desacordado? Mas ele está berrando que nem um alucinado! - Respondi totalmente sem entender.
- Perae que eu vou ligar lá. - Disse o porteiro, igualmente confuso.

Depois da segunda tentativa, o tal namorado atende o telefone e diz que está tudo bem.
O porteiro me olha hesitante e eu começo a formular explicações a la CSI para o caso.

- Só se tiver uma terceira pessoa no apartamento e ela está desacordada.- Digo fazendo conjecturas malucas.
Ele se assusta ainda mais e me olha sem graça, por não seguir o meu raciocínio tortuoso.
- Se a briga continuar, me avisa e eu ligo novamente para os vizinhos. - Responde ele, finalmente.

Concordei com a solução do porteiro e subi apreensiva.

Quem me conhece sabe que eu detesto ser indiscreta e me colocar em situações constrangedoras com vizinhos, mas quando imaginei que o cara poderia estar agredindo a namorada não consegui ficar parada.

Desde que comecei a escrever o post, não ouvi mais gritos. Acho que a intervenção do porteiro foi decisiva e espero que essa situação não se repita mais.

Mas acho pouco provável. Do jeito em a que cidade anda difícil e a falta de respeito acirrada, o Big Brother da Globo vai perder feio para os tristes espetáculos reais.