3 de mar. de 2012

Não é um mais um reality show

Estou aqui sentada na minha sala, em silêncio. Depois de uma sexta-feira bem quente e transito caótico, resolvi ler uma revista antes de dormir.

Enquanto leio, presto atenção nos sons ao meu redor e que vem da janela: um carro que passa na rua, pessoas andando e conversando animadamente, alguém caminha escutando música ruim e alta em seu celular.

Tudo isso é bem comum, mas alguns sons tem ficado mais frequentes, não sei se pq antes eu morava em um andar muito alto, longe de tudo ou se não prestava atenção direito, só sei que tenho ouvido discussões homéricas vindo de todos os lugares. De edifícios vizinhos, de pessoas na rua e até do meu próprio prédio.

Agora há pouco fui surpreendida por uma briga furiosa no meu andar. Como é tradicional dos paulistanos, mal conhecemos nossos vizinhos e comigo não é diferente. Não sei quem mora nos 3 apartamentos ao meu redor. Se sei, é apenas de vista e nunca reconheceria a pessoa se encontrasse com ela em outro local que não o saguão daqui.

Enquanto ouço o cara berrando loucamente e falando vários palavrões, a menina chora desesperada. Um choro doído, sofrido. Não consigo entender sobre o que discutem, mas me parece que ela pede para ele não encostar nela. Entendo que ele está prestes a agredí-la e subitamente quero interferir.

Meu bom senso grita, segurando minha valentia, dizendo que em "briga de marido e mulher não se mete a colher". Mas não posso ficar quieta em uma situação dessa. Não sei quem tem razão, não sei quem está exagerando, só sei que ela parece ser muito frágil e ele descontrolado.

Para piorar a situação estou sem interfone e meu marido no décimo sono. Num impulso, após ouvir um barulho vindo da sala deles, resolvo descer e falar com o porteiro.

Para minha surpresa, o funcionário relata que a menina tinha há pouco descido na portaria para pedir uma ambulância, pois seu namorado estava desacordado. E aguardava a chegada do SAMU em seu apartamento.

- Desacordado? Mas ele está berrando que nem um alucinado! - Respondi totalmente sem entender.
- Perae que eu vou ligar lá. - Disse o porteiro, igualmente confuso.

Depois da segunda tentativa, o tal namorado atende o telefone e diz que está tudo bem.
O porteiro me olha hesitante e eu começo a formular explicações a la CSI para o caso.

- Só se tiver uma terceira pessoa no apartamento e ela está desacordada.- Digo fazendo conjecturas malucas.
Ele se assusta ainda mais e me olha sem graça, por não seguir o meu raciocínio tortuoso.
- Se a briga continuar, me avisa e eu ligo novamente para os vizinhos. - Responde ele, finalmente.

Concordei com a solução do porteiro e subi apreensiva.

Quem me conhece sabe que eu detesto ser indiscreta e me colocar em situações constrangedoras com vizinhos, mas quando imaginei que o cara poderia estar agredindo a namorada não consegui ficar parada.

Desde que comecei a escrever o post, não ouvi mais gritos. Acho que a intervenção do porteiro foi decisiva e espero que essa situação não se repita mais.

Mas acho pouco provável. Do jeito em a que cidade anda difícil e a falta de respeito acirrada, o Big Brother da Globo vai perder feio para os tristes espetáculos reais.

2 comentários:

  1. Meus vizinhos de baixo estão sempre discutindo aos berros. E o marido vira-e-mexe fica fumando maconha na janela, com o cheiro invadindo a nossa casa, inclusive o quarto do Willi.

    ResponderExcluir
  2. É Alê, o "cigarrinho de artista" anda bem frequente por ai. E os barracos, mais ainda.

    ResponderExcluir