24 de out. de 2012

Expectativas Cinematográficas

Não posso falar por todas as meninas da minha geração - os ingênuos e embaraçosos anos 80 - mas acho que consigo incluir uma boa maioria, que nessa época era adolescente e sonhava com o seu primeiro amor.

Diferente da geração nossas mães e avós que sempre imaginaram o príncipe montado no cavalo branco, pronto para livrá-las de apuros, sendo o homem perfeito para criar os filhos e viverem felizes para sempre, nossa geração começava a ver que "sempre" era meio relativo e que esses contos de fadas eram muito, muito distantes da nossa realidade.

Nosso imaginário começou a ser povoado por outro tipo de fantasia, uma que parecia ser um pouco mais real, mas que na verdade era igualmente irrealizável.

Para mim, naquela época, meu primeiro namorado deveria ser engraçado e popular como o Ferris Bueller (Mathew Broaderick) em Curtindo a Vida Adoidado, também deveria ser meio rebelde como McCormack (Kevin Bacon) em Footloose, mas também poderia ser um pouco tímido e fofo como Marty Mcfly (Michael J. Fox) em De Volta para o Futuro.

Um adicional importante seria se ele dançasse bem como Patrick Swayze em Dirty Dancing. Aliás, eu tinha um ódio mortal da fulaninha que contracenava com ele. Achava a moça feia e sem graça.

Já outras meninas curtiam a linha bonitinho mais ordinário, tipo Johnny Depp em Férias do Barulho  ou os bonitões problemáticos de Vidas de Sem Rumo.

Nem vou mencionar os padrões de beleza, porque os exemplos eram muitos, entre eles: Patrick Dempsey de Lover Boy - Garoto de Programa, Kevin Costner (Guarda-CostasOs Intocáveis), Val Kilmer da comédia Top Secret e seu companheiro de filme Tom Cruise em Top Gun  (que eu particularmente não achava tão bonito assim), sem esquecer de Harrison Ford, nosso eterno Indiana Jones e ao mesmo tempo Hans Solo da saga Star Wars.

O tempo foi passando e minhas experiências saltaram das telonas para a vida real bem diferentes dos filmes.

Descobri que aquele estilo encantador tem seus dias de mal humor. Ou é engraçado, mas não é romântico. Aprendi na prática que é muito difícil encontrar um esteriótipo! Quem diria?

Você percebe que todos tem defeitos e afinal de contas também não somos nenhuma Kim Basinger ou Kelly LeBrock.

E ai, um dia, depois de algumas tentativas e erro, depois de reformular seu homem ideal, cortar alguns itens inatingíveis (um cara que não goste de futebol), refazer alguns cálculos (tá bom, tá bom, não precisa cozinhar para mim todos os dias) e atualizar a versão para uma mais próxima da realidade (ok, ele pode arrotar na minha frente, mas não pode usar o banheiro ao mesmo tempo que eu) você se depara, sem querer, com o mocinho da sua história romântica, o herói para a aventura da sua vida.

Descobre também que as coisas não precisam ser grandiosas como salvar os rebeldes do ataque do Império ou fazer com que toda a cidade careta aprove uma festa com músicas ditas "profanas".

Um simples gesto, algo como me ligar num dia chuvoso e perguntar se levei o guarda-chuva para o trabalho ou se eu preciso que me busque no metro, já o transformou no meu Indiana Jones me resgatando de uma armadilha na tenda do inimigo.

Acho que uma das boas coisas da maturidade é a vontade que sentimos de deixar as coisas reais mais simples e as coisas fantásticas para o cinema. Dessa forma acho que a gente se diverte mais.

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Beijos e Bytes





17 de out. de 2012

De que vc é feito?

A tentativa de definir o ser humano não é fácil e nem recente. Nem preciso dizer que pessoas como Platão, Sócrates e muitos outros dedicaram suas vidas nessa busca e alguns até foram sacrificados por isso.

A religião também tenta definir do que somos feitos e de onde viemos. Uma coisa parece ser comum à todas as tentativas de definições, que somos todos iguais, feitos da mesma matéria. E para quem acredita, somos uma parte de Deus.

Sendo assim, deveríamos tratar todos com o mesmo respeito e admiração, como irmãos.

Apesar das inúmeras teorias, desde às mais racionais como a que nos define como uma intrincada combinação de átomos, resisto fortemente à ideia de que somos iguais.

Sim, eu sei, isso é muito errado. Não deveria pensar assim, mas ainda não consegui evoluir a esse nível.

Posso dizer que sou igual à um assassino? Semelhante à alguém que maltrata crianças e animais? Não é possível! Deve haver um coeficiente que me diferencie dessa pessoa. Seria apenas a conduta moral, seria então a matéria da qual é feito nosso espírito? Seria um problema genético?

Uma falha no cordão de DNA e pronto, nasce uma pessoa sem consideração pelos outros. Ou seria uma questão de educação, do meio em que vivemos?

Eu cheguei a um ponto da minha vida que não quero conviver com pessoas assim. Me recuso a me relacionar com gente que não tem educação, que não tem consideração pelos outros. Que acha que só porque está pagando a conta do restaurante pode destratar o garçon ou porque comprou um serviço da empresa em que trabalhei pode me tratar como se fosse uma escrava.

Eu sei tb que é bem utópico da minha parte achar que vou conseguir evitar essas situações, mas enquanto não descubro um escudo, vou vivendo meu período de ausência temporária.


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Beijos e Bytes