12 de set. de 2012

"O" 11 de Setembro

Há 11 anos testemunharíamos uma das demonstrações mais covardes e tristes da crueldade humana.

Concentrando em um único dia, diferente das histórias de massacres e guerras continuadas, um ato terrorista calculado meticulosamente desafiou a maior potencia da nossa atualidade e deixou quase que o restante do mundo calado, em luto.

Inúmeras vítimas, civis mortos, aviões sequestrados, 2 torres gigantescas abatidas no coração dos Estados Unidos.  Relembrado todos os anos e abordado sob todos os aspectos, o atentado de 11 de setembro não será esquecido jamais.

E dentro da minha pequenez nisso tudo, ironicamente o ocorrido veio para trazer mais um aprendizado pessoal, justo em um dos dias mais idealizados por mim no ano, meu aniversário. Justo eu, que sempre achei que as pessoas deveriam tirar esse dia de folga para deixá-lo mais perfeito e aproveitável.

O dia começou chuvoso, me deixado triste no meu caminho para o trabalho. Acho que era uma terça feira (Alê, o oráculo dos conhecimentos aleatórios e matemáticos, é isso mesmo?) e quando cheguei ao escritório não sabíamos o que iria acontecer. Com o avançar das horas aquele dia foi se mostrando mais e mais sombrio.

As pessoas me ligavam para dar parabéns visivelmente transtornadas. Não havia clima para congratulações. Parecia a antítese completa. Como ficar feliz com o aniversário de uma pessoa, sendo que milhares estava morrendo, vítimas de um ataque inexplicável?

Diante do cenário achei que não valeria a pena comemorar, não faria festa naquele ano. Mas, com o passar dos dias acabei me convencendo a fazer um simples happy hour na sexta. Nada de grandes expectativas. Achava que no máximo 6 pessoas apareceriam rapidamente.

De fato, meus amigos mais próximos apareceram para o brinde. Estava feliz dada a situação.

Eis que um grupo de amigos herdados, aquele grupo no qual vc entra pq tem 1 amigo em comum ou são amigos do seu namorado, primo ... começaram a chegar lentamente.

De repente, a mesinha de poucas cadeiras não comportava todo mundo. Foi fácil juntar, afinal o bar não estava cheio.

Nem preciso dizer que fiquei encantada. E o pessoal veio animado, trazendo suas namoradas e festejamos até tarde.

Os caras eram amigos desde a infância e por isso compareceram em peso.

Essa turma, que não me está mais tão próxima, apesar de seus diferentes enredos de histórias de vida: casamentos, nascimentos de filhos, mudanças de cidade, continuam unidos até hj.

Recentemente encontrei-os em uma situação triste, um velório, e eles estavam todos lá. Eu tinha certeza de que encontraria cada um deles dando o suporte para o amigo que perdeu um ente querido.

Sempre achei que o que dava a liga para esse grupo era algo precioso, se fosse palpável seria de Adamantium (e essa substância existisse).

Esses caras têm a minha admiração e esse gesto está cravado nas minhas memórias.

E mesmo sem saber, eles me mostraram que aquele dia não precisava ser tão tétrico, que ainda há coisas mais fortes do que alicerces de prédios gigantescos e da maldade das pessoas.

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Beijos e Bytes

4 comentários:

  1. No dia 11/9/2001 (sim, Van, uma terça-feira) eu tinha acabado de entrar de férias, aproveitando ainda o fim de semana prolongado anterior. Na segunda à noite acabei indo dormir cedo e deixei gravando o filme que passou na Globo, que nem lembro mais qual era. No dia seguinte, acordei cedo e comecei a rebobinar a fita. Antes de começar a assistir, minha mãe apareceu no meu quarto e falou que um avião tinha batido no WTC. Liguei na hora na CNN. O segundo avião ainda não tinha batido. De repente, bateu, e a emissora transmitiu ao vivo. Mas seu locutor não percebeu isso: disse que 'tinham achado imagens do "acidente"'. Mas estava claro que não era, porque no momento em que o avião bateu ja havia muita fumaça na outra torre. Logo depois liguei para vocês na Wagonlit. A notícia ainda não tinha chegado lá. Acho que a manhã de trabalho de vocês encerrou-se ali mesmo. Quando voltei de férias, uns vinte dias depois, não encontrei vários colegas. A empresa tinha decidido fazer cortes em face do ocorrido, que afetou a atividade.

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    1. Rebobinar a fita? Uou! Tem gente que não vai saber o que é isso.

      Pois é, amanhã de trabalho acabou mesmo. Todos correram para a TV e começaram a receber e fazer inúmeras ligações para localizar clientes que estavam na cidade. Alguns de nós choramos com as imagens das pessoas se jogando dos prédios em chamas. Foi mesmo indescritível.

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  2. Cosen, querida, entendo o seu sentimento. A gente acha, pelo menos até certa idade, que o mundo deve parar em nosso aniversário. Um dia descobrimos que não. E tudo bem, acho que não se sofre tanto assim.
    Mas sobre o 11/09, queria mesmo fazer umas considerações. Há um filme muito interessante feito um ano após os ataques. Trata-se do "11 de Setembro", originalmente 11'09"01 — neste filme, 11 diretores do mundo todo foram convidados a fazer um filme sobre o 11 de setembro com a duração de 11 minutos, 9 segundos e 1 fotograma. Quase todos são incríveis! Mas queria me ater a talvez um dos melhores deles (ou o melhor), dirigido por Ken Loach. Nesta versão dos ataques, o diretor britânico faz um paralelo entre o 11 de setembro de 2001 e o 11 de setembro de 1973, ambos em terças-feiras (sim, caiu numa terça). Em 1970 o Chile elegeu em um processo democrático Salvador Allende para seu líder, e este promoveu reformas em seu país, legítimas, de vontade popular. Como os EUA não podiam permitir a consolidação de um governo comunista na América Latina, a solução foi embargo econômico (soa familiar?) e financiamento (econômico, técnico e tático) de um golpe militar, na terça-feira 11 de setembro de 1973, que instalou uma das mais sangrentas ditaduras da história da América: foi quando subiu ao poder o general Augusto Pinochet. No episódio chileno, morreram mais de 30 mil pessoas. Mas o paralelo vai além da coincidência de datas, dias da semana ou mortes. Foram exatamente episódios como o golpe militar no Chile — vale lembrar que os Estados Unidos promoveram golpes militares e financiaram ditaduras de direita em diversos países da América Latina, e financiaram governos corruptos e fascistas pelo mundo para garantir a hegemonia norte-americana em plena Guerra Fria — que originaram os ataques de 11 de setembro de 2011. Não dá para desvincular um fato do outro. Os EUA tiveram sua “liberdade atacada”, conforme palavras do então presidente Bush, depois de atacar as “liberdades” ao redor do mundo por décadas.
    Claro que não estou de maneira alguma defendendo a morte de cerca de 3000 pessoas no WTC. Isso nunca. Mas é bom tentar enxergar o fato também como relação de causa e efeito.
    É por isso que, para mim, o 11 de setembro ainda é o seu aniversário (e o da minha sobrinha Mariana). Eu sempre me esqueço de dar parabéns porque sou bastante desligada dessas coisas, não é por mal não, nem por luto (sabe que geralmente esqueço até do meu próprio aniversário?).
    Se você quiser assistir o curta do Ken Loach, aqui está o link: http://www.youtube.com/watch?v=7vrSq4cievs
    Se quiser ver o filme todo, posso te emprestar que eu tenho o DVD. Vale à pena.

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    1. Ah sim, Mica, com certeza a doce ilusão que o mundo gira em torno do nosso umbigo tem que acabar. Mesmo que lentamente, mesmo que sobrem ainda alguns desses pensamentos, é sempre bom qdo a vida te relembra, hey, isso não diz respeito a vc somente.
      Sobre o atentado, não quis passar uma imagem pró Americanos. Sei bem que eles receberam algo em troca do que provocaram. Mas não consigo me conformar com a morte de inocentes. Sejam eles americanos, árabes, escravos, judeus. Isso nunca entrou na minha cabeça. Meu marido me lembro do 11 de setembro no Chile e vou assistir o curta. Obrigada pela dica! Bjs

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