
Nosso imaginário começou a ser povoado por outro tipo de fantasia, uma que parecia ser um pouco mais real, mas que na verdade era igualmente irrealizável.
Para mim, naquela época, meu primeiro namorado deveria ser engraçado e popular como o Ferris Bueller (Mathew Broaderick) em Curtindo a Vida Adoidado, também deveria ser meio rebelde como McCormack (Kevin Bacon) em Footloose, mas também poderia ser um pouco tímido e fofo como Marty Mcfly (Michael J. Fox) em De Volta para o Futuro.
Um adicional importante seria se ele dançasse bem como Patrick Swayze em Dirty Dancing. Aliás, eu tinha um ódio mortal da fulaninha que contracenava com ele. Achava a moça feia e sem graça.
Já outras meninas curtiam a linha bonitinho mais ordinário, tipo Johnny Depp em Férias do Barulho ou os bonitões problemáticos de Vidas de Sem Rumo.
Nem vou mencionar os padrões de beleza, porque os exemplos eram muitos, entre eles: Patrick Dempsey de Lover Boy - Garoto de Programa, Kevin Costner (Guarda-Costas e Os Intocáveis), Val Kilmer da comédia Top Secret e seu companheiro de filme Tom Cruise em Top Gun (que eu particularmente não achava tão bonito assim), sem esquecer de Harrison Ford, nosso eterno Indiana Jones e ao mesmo tempo Hans Solo da saga Star Wars.
O tempo foi passando e minhas experiências saltaram das telonas para a vida real bem diferentes dos filmes.
Descobri que aquele estilo encantador tem seus dias de mal humor. Ou é engraçado, mas não é romântico. Aprendi na prática que é muito difícil encontrar um esteriótipo! Quem diria?
Você percebe que todos tem defeitos e afinal de contas também não somos nenhuma Kim Basinger ou Kelly LeBrock.
E ai, um dia, depois de algumas tentativas e erro, depois de reformular seu homem ideal, cortar alguns itens inatingíveis (um cara que não goste de futebol), refazer alguns cálculos (tá bom, tá bom, não precisa cozinhar para mim todos os dias) e atualizar a versão para uma mais próxima da realidade (ok, ele pode arrotar na minha frente, mas não pode usar o banheiro ao mesmo tempo que eu) você se depara, sem querer, com o mocinho da sua história romântica, o herói para a aventura da sua vida.

Um simples gesto, algo como me ligar num dia chuvoso e perguntar se levei o guarda-chuva para o trabalho ou se eu preciso que me busque no metro, já o transformou no meu Indiana Jones me resgatando de uma armadilha na tenda do inimigo.
Acho que uma das boas coisas da maturidade é a vontade que sentimos de deixar as coisas reais mais simples e as coisas fantásticas para o cinema. Dessa forma acho que a gente se diverte mais.
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Beijos e Bytes