10 de fev. de 2011

A Fábula Corporativa

Era uma vez, nesses tempos modernos, uma empresa, em uma cidade como todas as outras. O sol ardia quente e o ventilador girava preguiçoso, fazendo um ventinho que não refrescava, mas bagunçava os papéis soltos na mesa da recepcionista.

Um senhor, esperando ser atendido, tomava o café morno da cafeteira.

De repente, surge, todo esbaforido, um jovem, meio andando, meio correndo, passa na frente do senhor e diz ao atendente no balcão:

- Rápido... por favor... precisa ser agora...tenho que ser atendido...imedia..

- Calma, mocinho! Vc passou na minha frente! Sabes com que falas? Sou Importante, tenho preferência, eu gero dividendos para a empresa, rentabilidade...

- O Senhor não me entende! Eu sou Urgente tenho que passar na sua frente, agora...

E antes de terminar a sua frase, ele saiu correndo e entrou no depto comercial, passando pelas mesas, causando uma pequena baderna. Até que foi atendido pela mocinha de vendas.

E assim, na sequencia, depois do Urgente, chegou o Ultra Urgente, o Master Urgentíssimo, o É-para-ontem-pelo-amor-de-deus! E com eles vieram tb o Retrabalho, o Serviço Mal-Feito e as Horas Extras.

Importante ficou lá, esquecido, meio aturdido com tanta correria, ele achava que Dona Prioridade iria ajudá-lo, iria colocar ordem nas coisa, mas sozinha ela não dava mais conta.

Principalmente, depois que aposentaram o Planejamento . Ele era tão bom funcionário, correto, mas ganhava muito, gastava muito tempo para concluir suas tarefas, sempre impecáveis, mas muito demoradas.

Depois que ele se foi, o Cronograma nunca mais foi o mesmo. Esse estava sempre atrasado, desatualizado e dia após dia o batalhão de Urgentes invadiam a rotina de trabalho.

Importante foi ficando para trás e de tanto esperar, sofreu uma transformação, virou um Já-era-seu-prazo-acabou. Não deu nem tempo de virar um Urgente. Coitado, se foi...

Quando a Liderança percebeu o engano, era tarde de mais. Essa não era a primeira vez e muito se perdeu.

Liderança convocou uma reunião, e ali debatendo que nem loucos, tentando identificar culpados e falhas do Sistema (ah, o Sistema, ele é sempre culpado), foi a tiazinha do café,  Dona Bom Senso, que interrompeu com sua simplicidade, dizendo para sua boquiaberta platéia:

- “Em terra onde o Urgente é melhor que o Importante, o Prejuízo é rei.”

-----

Beijos e Bytes

Um comentário: