14 de mar. de 2011

Quem está batendo na portinha do seu coração?

[Este texto ficou rascunhado, encalacrado, aguardando uma conclusão. E lá vamos nós!]

Faço um breve relato do meu carnaval não a título de lhes contar sobre minha vida, mas para gerar uma reflexão. Ah, nada disso, é para tirar um sarro básico, mesmo.

Sem muito tempo para escolher um destino novo, voltamos (eu e eu meu namorido) para Ilha Comprida. Destino ao qual recomendo veementemente por partilhar um espetáculo ímpar com suas praias, trilhas e fauna.
Desta vez nos hospedamos em um casarão-pousada, cuja vista do quarto era magnífica, mas para a gerente faltava-lhe um parafuso da cabeça. Talvez mais, até.
Logo na nossa chegada, ela nos disse:  "Desculpe-me não poder ajudar vcs com as malas, mas eu estou com a mão enfaixada pq caí no chão ao tentar desviar de uma cobra aqui na porta da pousada".

Huuumm, interessante essa abordagem. Eu gosto de natureza, mas a notícia de uma jararaca na entrada do local em que iria passar 4 dias não me pareceu muito encorajadora. Enfim, não encontrei a dita cuja, só sua refeição preferida, uma aranha peluda, que estava com pressa e pouco interessada em fazer contato.

Aos poucos, fomos descobrindo nossos colegas de pousada, colegas não, irmãos, já que uma congregação inteira de religiosos estava hospedada lá tb. Era aquele tipo de religião com pastor, pessoas cantarolando com violões, onde todo mundo faz tudo junto o tempo todo.

Havia tb 2 famílias de franceses, que eram bastante simpáticos, arranhavam o português e não incomodavam ninguém.

Neste momento, faz-se necessário informar que minhas interações com estranhos são mais observativas e aguardando um contato. Dificilmente vou puxar papo e virar best-friend-me-adiciona-no-seu-face. Cumprimentava o povo quando passava nas áreas públicas e só.

Certo dia, meu namorido acordou mais cedo e foi ler na varanda, o líder do grupo religioso, aproveitando-se de sua vulnerabilidade, pois estava sozinho, abordou-o e puxou um papo que deve ter durado uns 15 minutos, tempo suficiente para que ele já virasse broder do Claudio e começasse a querer nos incluir nos passeios.

Claudio, que tb se relaciona com estranhos da mesma forma que eu, foi educado e declinou convites, mas no dia 08/03, mais conhecido como dia da mulher, exatamente às 06h40 da matina, um "toc toc" na nossa porta ocorreu, seguido de uma musiquinha acompanhado do violão: "Quem está batendo na portinha do seu coração, la, la, la, la."

Eu desacreditei e o Claudio achou que era no quarto ao lado, mas o "toc toc" seguindo da música se repetiu: "Quem está batendo na portinha do seu coração, la, la, la, la."

A essa altura eu resolvi abrir a porta antes que aquele pesadelo me privasse de mais minutos de sono. Abri uma micro-fresta e 2 dos religiosos felizes me deram um bombom e me fizeram uma saudação pelo dia das mulheres.

Eu odeio gente feliz logo cedo! O DE I O
- "Dia das mulheres é o c@@##@! Precisava ser tão cedo?" - Foi isso o que eu pensei, mas eu apenas sorri e agradeci. Não prolongando mais a situação bizarra ao qual me encontrava.

Enquanto isso a gerente da pousada praguejava e xingava: "Seu bando de barulhentos, não quero mais vcs na minha pousada". Claramente ela faltou nas aulas de atendimento ao cliente, mas enfim, eu concordava.

Nosso carnaval seguiu sem mais intervenções bizarras a não ser da nossa desregulada anfitriã que nos alertou para trancarmos tudo pq tinha um moleque que passava nos quartos roubando celulares, notebooks e demais itens cobiçados.
- Hein?
E ela ainda arrematou:
- Tomara que roubem os computadores desses baderneiros!

Embora o sol não tenha colaborado muito, Ilha Comprida é sempre um paraíso e iniciamos nosso retorno a Sampa testemunhando a revoada de uns 30 Guarás para Ilha do Cardoso.
Coisa linda, percebida por poucos e entre outros mimos da natureza fez nosso passeio valer a pena.
É como dizem: - "Ai sim, hein?"

-----
Beijos e Bytes

Nenhum comentário:

Postar um comentário