[Em homenagem a Sonia, que tem um carro com tanta personalidade quanto a dela]
Logo no início da década de 80, meu pai arrematou para minha mãe um fusca amarelo 74 e nós fomos seu segundo dono, incorporando-o rapidamente à família.
À bordo do Amarelão, mamãe me levava para escola, me buscava na casa da amigas e fazíamos diversos passeios. Depois da adolescência, eu segui meu caminho e ele o dele, continuando com minha mãe.
Alguns anos depois (já estou sendo indiscreta demais com datas) meus pais o doaram a mim. Mas por uma dessas ironias bestas eu não dirijo (ooooooh!).
É gente, não dirijo! O transito é caótico, as pessoas são loucas, eu não tenho paciência e perdi a prática. Essa é uma combinação bem ruim e me agradeçam por não estar ai com meu porte de arma em dia nas ruas de Sampa.
Enfim, mesmo assim, eu aceitei o Fuca e o reformei, passando a nobre função de piloto ao Claudio, que a desempenha com gosto e agilidade.
Desde que ele está conosco, já passamos por muitas aventuras. Já protagonizamos cena equivalente a do furgão Amarelo de "Pequena Miss Sunshine":
Imagine duas pessoas empurrando, enquanto uma delas corre, entra no carro em movimento e acelera para que ele pegue no tranco. A outra pessoa (que não sabe dirigir) continua empurrando para que o veículo não perca a velocidade. Após o Fuca ligar, a cidadã, que ficou empurrando (ainda bem que ele é mais leve do que uma Kombi), corre para entrar nele em movimento.
Ok, podem parar de rir agora.
Já conseguimos concertá-lo com um grampo de cabelo, quando o cabo do acelerador soltou. Já tive que correr com um saco de gasolina na Av. 23 de Maio pq não sabia que quando o marcador mostrava "meio tanque", na verdade era "vazio".
E recentemente o Fuca, com seu senso de humor sarcástico, resolveu disparar a buzina (Eu acho que ele andou assistindo a "Pequena Miss Sunshine") quando fazia curva para a direita. Nem preciso dizer que a gente morria de vergonha e que eu já estava esperando levar um tiro ou coisa assim. Era só virar no farol é mmiiimmiiiimiiii. Os pedestres olhavam feio, os outros motoristas faziam caretas e eu ia afundando no banco do carona, sorrindo e acenando.
Mas em todos as nossas viagens com ele para Minas e Litoral Norte de SP, o Fuca nunca arriou. Mesmo na subida da serra congestionada de Maresias, onde carros mais modernos vão esquentando e parando no acostamento, nosso Amarelão seguia firme, de cabeça erguida.
Mesmo enfrentando uma trilha na praia e tendo que passar por rasos braços de rio que desaguavam no mar na Ilha Comprida, ele enfrentou o desafio (escatológico, eu sei. Não acredito como fizemos isso) com coragem e destreza.
E quando sua buzina, que estava muda há muito tempo, magicamente funcionou quando precisávamos dela para evitar uma batidinha, tive certeza de que ele tem alma, adora viajar e Sampa o deixa muito nervoso.
Portanto, assim como o carro da minha querida amiga Sonia (não é um fusca, é?) que algumas vezes decide o melhor caminho para ela, eu prefiro não contrariar o meu velho companheiro e continuar colocando-o na estrada. Quem sabe a gente não consiga chegar até o Atacama com ele? Pelo menos vai reder um belo post!
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Beijos e Bytes
Gata, foram várias aventuras, e o amarelão continua firme no dia a dia. A próxima batalha desse guerreiro será ensinar vc a dirigir. Aháá..
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